domingo, 18 de dezembro de 2011

O manual!

Fizemos um mini-guia de como fazer sua própria empanada!
Ele é super simples, e infelizmente não tem muits fotos porque eu e a Iasmim estávamos o tempo todo com a mão na massa! Vamos disponibilizá-lo online para quem tiver interesse em ver o resultado final do projeto e quem sabe, montar sua própria empanada.

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Produção: tratando as madeiras

Well, well, agora começa a fase de produção!

O primeiro passo era conseguir o máximo possível de ripas, para baratear o custo. A Fernanda conseguiu 18 com o tio dela! Eram de um andaime, que foi desmontado. O tamanho: 2x5x100 cm.


As ripas (também chamadas de sarrafos) estavam empenadas e sujinhas por causa do uso anterior, e tinham uma variação de tamanho entre elas, de até 1cm, mais ou menos.
Como ainda faltassem algumas, compramos o restante numa madeireira. No total, foram 22 sarrafos, entre o sistema pantográfico e as barras horizontais, e 8 caibros (ripas de 5x5cm).

Nos utilizamos das dependências da Maquete da UnB e dos serviços do Mathias, funcionário da Maquete, para a manufatura das peças de madeira e a montagem.

Para tirar a sujeira das ripas, lixamo-nas primeiro com uma lixa 50 e depois com uma 120, usando uma lixadeira de disco manual, e fizemos o mesmo com as ripas novas. O acabamento ficou bom.
Nossa lixadeira era parecida com essa

Para cortar no tamanho certo, usamos uma serra circular de mesa. O desenho técnico das peças eu posto depois, ok?

Continua...

Conversinha II

Olha só, mais novidades!
Encontramos um grupo de teatro que quer produzir nossa empanada! É a Trupe Por um fio, de Planaltina, da qual faço parte! Eles têm várias linhas de trabalho, e uma delas é teatro de bonecos; e estão sem empanada.
A trupe têm alguns pedidos para a empanada: que seja o mais barata possível, e o mais fácil de produzir. Isso significa usar materiais fáceis de comprar (ou achar!) e um projeto simples de montar, que possa ser feito por nós mesmos. A alternativa de madeira parece ser a ideal para esse caso. Então, mãos à obra!

Luciano Czar e Marley Medeiros ensaiando para o espetáculo "Anancy"


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Conversinha

Marcamos uma reunião com o pessoal do LATA mais a Kaise, para mostrar nossas ideias e ouvir as ideias deles. Descobrimos que o mundo das empanadas é muito mais vasto do que suspeitávamos; às vezes, ela vem da própria peça que está sendo encenada e pode assumir formas inusitadas, como um cone que simbolizava uma saia e depois virava um vulcão! (essa do exemplo demorava quase um dia todo para montar).

Conclusões:
-a empanada de metal é mais cara mas tem uma durabilidade bem maior que a de madeira, que é mais frágil e mais sujeita às intempéries; uma de metal pode chegar a mais de 850 reais, e a de madeira, a 400 reais;
-madeira é um material que costuma empenar e dilatar e comprimir bastante, especialmente aqui em Brasília, onde as estações de muita chuva e muita seca são bem marcantes; isso sempre pode causar problemas;
-a empanada de canos de PVC é praticamente imprestável, porque o material é extremamente instável. Acontecia de os canos serem encaixados com muito esforço e na metade da peça estarem frouxos a ponto de os atores terem que se revezar segurando a empanada para não cair!
-a empanada atual do espetáculo "Mariêta" já passou por uma reforma; é relativamente comum voltar a ajustar alguns pontos com o fabricante depois de apresentar algumas vezes com uma nova empanada (essa tinha sido fabricada há alguns meses)
-a empanada pode interagir bastante com a peça sendo encenada, e com os bonecos (e até com os próprios atores); um exemplo é de uma empanada com janelas por onde os bonecos podem sair, ou uma que pode virar do avesso (como exemplo, a empanada de Marcos Pena em "Una historia sencilla").
-nesse clima de interação, veio a ideia de fazer uma empanada que servisse para bonecos de luva (que aparecem por cima), de manipulação direta (que aparecem na frente) e de marionete (que aparecem por baixo).

Cena de "Una historia sencilla", de Marcos Pena

Resultados: descartamos a alternativa de PVC. E acabamos descartando também a alternativa de sanfona de papelão, por ser pouco estável. Ficamos então com duas alternativas finais, a de madeira e a de metal!

Alternativas

Olá, olá!

Já temos 4 alternativas!
Na verdade, esse projeto tem uma peculiaridade: nós trabalhamos mais desenvolvendo sistemas internos que pudessem tornar a empanada "mais prática" do que alternativas inteiras totalmente diferentes. Assim, temos 4 opções gerais e diversos sisteminhas que podem ser aplicados a várias delas.

Alternativa de perfis quadrados de metal
prós: regulagem de altura, média compactabilidade, pés mais largos para dar estabilidade
contras: peças soltas a ser encaixadas, pesada, difícil de fabricar

Alternativa de canos de PVC
prós: barata, leve, fácil de fazer
contras: peças soltas a ser encaixadas, difícil de montar, baixa compactabilidade


Alternativa de sanfona de papelão
prós: barata, leve, fácil de fazer, alta compactabilidade, peças unidas
contras: pouca estabilidade, leve demais



Alternativa de ripas de madeira
prós: alta compactabilidade, peças unidas, fácil de montar
contras: difícil de fabricar, estabilidade média




Pesquisa de mecanismos

Fizemos uma pesquisa sobre mecanismos e estruturas dobráveis ou de alguma forma semelhantes ao que desejávamos; mas foi um pouco infrutífera, porque é difícil compreender como eles realmente funcionam somente pelas fotos pequenas da internet. O que mais nos ajudou a ter ideias na verdade foi estar no LATA junto com a empanada ao vivo e a cores. Mas posto alguns exemplos do que encontramos:




Problemas, soluções e objetivos

Avaliamos basicamente duas empanadas: a infantil de madeira do LATA e a de metal do espetáculo de Mariêta (assistimos a peça e depois ajudamos a desmontar a empanada), e conseguimos listar alguns problemas e soluções já existentes, que nos ajudarão no processo de criação. São eles:


Problemas:
-Comprida demais quando fechada
-Pesada demais (a de metal)
-Montagem difícil (aparafusar as barras horizontais)
-Desmontagem difícil (na de metal perfis travam e prendem - precisa de mais de duas pessoas; na de madeira, tem que desparafusar as barras horizontais)
-Material empena (madeira)
-Fabricação cara (a de metal)
-Peças podem se perder (pinos, barras)
-Parafusos ao invés de pinos - ficam enganchando (na de metal)


Parafusa e desparafusa, toda vez...

Parafusos ao invés de pinos; e a correntinha é curta demais

Soluções já existentes:
-Compacta quando fechada (sistema pantográfico)
-Espaçosa - cabem até 3 pessoas
-A maior parte das peças é unida
-Cenário acoplado e variável - desliza em trilhos (na de metal)
-Lugar para os bonecos - ficam presos nas barras horizontais

Queremos projetar uma empanada:
-Mais leve
-Mais compacta
-Durável
-De mais fácil transporte e montagem
-Se possível, com regulagem de altura

As prioridades são:
-Retirar os parafusos - facilitar a montagem
-Se possível, fazer com que não haja peças soltas
-Diminuir o tamanho final (desmontada), principalmente a altura

Nossos objetivos para a disciplina são:
-Projetar em conjunto com os usuários
-Trabalhar com metas reais
-Construir um protótipo
-Ver o produto em uso
-Ter o feedback dos usuários

O que é uma empanada afinal?

A empanada é uma estrutura típica do teatro de bonecos de luva, e apresenta formas bastante diversas entre si. Dentro da empanada ficam o bonequeiro e seus ajudantes, se houver, e os bonecos surgem por cima da estrutura. Ela pode ser composta por ripas de madeira, canos de PVC, perfis de alumínio, metalon, e muitos outros materiais, e com sistemas de montagem diversos.
O nome "empanada" vem do fato de a estrutura ser coberta por um pano. Simples assim!
Uma das mais interessantes (e também mais simples!) é feita de ripas de madeira e coberta por um pano (óbvio!), e tem um sistema pantográfico, que permite que ela seja fechada com grande redução do tamanho. É muito usada para teatro de rua. Esse sistema facilita o transporte e também a montagem e desmontagem, que pode levar de 20 minutos a várias horas. 
Ela varia bastante ao redor do mundo, mas a ideia permanece a mesma. A seguir, alguns exemplos.


Empanada infantil do LATA - peça principal

Empanada infantil do LATA - completa

Detalhe do encaixe e amarração do pano

Empanada infantil do LATA - fechada (peça principal)

Tentando entender uma empanada de metal (não conseguimos!)


Por dentro de uma empanada de Mamulengo!


Nossa proposta é projetar uma empanada para adultos que auxilie os bonequeiros na montagem, desmontagem e transporte da empanada, já que todo esse trabalho é realizado por eles próprios a cada espetáculo. A possibilidade de personalização da empanada também é uma tradição importante.


Quase todas as fotos (exceto a última) de Fernanda Filgueiras - reproduzir somente com autorização

Bonecos!

Dentro do teatro de bonecos, podemos apresentar alguns tipos principais de bonecos: há os de sombra, que contam a história através de sua silhueta projetada; os de luva, que são manipulados por uma pessoa, com 3 ou 4 dedos, por cima de sua cabeça; os de manipulação direta, que comumente precisam de duas ou mais pessoas para movimentá-los, geralmente em cima de uma mesa ou balcão; os bonecos de vara, que também aparecem por cima; e as famosas marionetes, manipuladas por fios, à frente das pernas do manipulador. Os manipuladores são chamados “bonequeiros” ou “titeriteiros” (“títere” é sinônimo de “boneco”). 



Boneco de Mamulengo (boneco de luva)

Kasper, personagem típico da Alemanha

Bonecos do Punch&Judy


La loba - boneco de vestir do LATA
Foto de Fernanda Filgueiras - reproduzir somente com autorização

Os bonecos podem ser feitos de madeira, arame, biscuit, espuma, EVA, material reciclável (PET, Tetra Pak, tampinhas...), cabaça, cola quente, tecido, cabelo falso, fios, algodão, papel, contas, bolinha de gude, fibra de vidro, papel machê, tudo junto ao mesmo tempo, e muitos, muitos outros materiais. A lista é imensa! 
Cada boneco tem um jeito particular de se movimentar, dependendo de como é feito: se é mais pesado ou leve, mais rígido ou fluido, e por aí vai. Cada um tem também sua personalidade. É impressionante como os bonecos realmente ganham vida!

Teatro de formas animadas

Já que projetaremos uma nova empanada, começamos pesquisando sobre teatro de bonecos. Um pouco do que descobrimos conto para vocês.

Teatro de formas animadas
O teatro de formas animadas é uma área bastante ampla do teatro, e contempla modalidades as mais diversas; pode utilizar bonecos, sombras, objetos, entre outros, e vem entretendo adultos e crianças ao longo da história. O teatro de formas animadas surgiu há vários milênios, e sempre esteve presente, em muitas civilizações ao redor do mundo como arte tradicional. Na China, é famoso o teatro de sombras, na Inglaterra o teatro de rua com bonecos “Punch & Jude”, no nordeste brasileiro o “Mamulengo”.


Apresentação de Punch&Judy

Apresentação de Mamulengo

Ideia definitiva!

Deixamos de lado os projetos de papelão. Explicarei.

Eu faço parte de um projeto de extensão na UnB, o LATA (Laboratório de Teatro de Formas Animadas), do departamento de Artes Cênicas. Entre os dias 7 e 11 de setembro, viajamos para Paracatu/MG, onde tive a oportunidade de ver, além de peças de teatro de bonecos, como era difícil desmontar a estrutura que os atores usavam para apresentar a peça "Mariêta, a sabida". A estrutura - chamada empanada - era muito interessante, mas tinha muitas complicações, e soluções como unir peças com fita isolante, eram mais comuns do que seria esperado.
Levei a ideia para a Fernanda, que poderíamos projetar uma empanada. As soluções e complicações já existentes nos guiariam durante o projeto, e teríamos o pessoal do LATA para nos aconselhar. Ela topou, e nos decidimos por isso! Empanada, lá vamos nós!

Cena do espetáculo "Mariêta, a Sabida"; na foto, Kaise Ribeiro e Izabela Brochado.
Foto de Iasmim Conde - reproduzir somente com autorização

Primeiras ideias

Olá!

Nossas primeiras ideias foram relacionadas a reaproveitamento de papelão, e a produtos para pessoas com graus maiores de dificuldade (mendigos, refugiados, pessoas que esperam ônibus por muito tempo...). O papelão é um material largamente usado para transporte (e portanto, largamente descartado), e muitas vezes encontrado quase sem desgaste. Pode ser usado para construir bancos, sofás, mesas, entre outros, pois apesar de não ser resistente à água, suporta cargas relativamente pesadas.
Há muuuuitos móveis feitos de papelão. A maior parte dos que encontramos era de material virgem, mas há boas ideias:

"Itbed futon", cama da It Design

móveis dos Irmãos Campana

"The Bistro Table", da Karton

O problema com tantas ideias é que parece que tudo já foi feito! Mas, pensando melhor, só de criarmos um projeto que seja produzido aqui ao invés de ser importado sabe-se lá de onde, usando material descartado, e que ser distribuído de graça pela internet, ao invés de custar centenas de dólares, já passa a ser uma inovação. E mais sustentável, já que não haveria transporte nem compra de material virgem. 
Pensamos então em um abrigo para moradores de rua, uma cama para pessoas que descansam na rua na hora do almoço, em um banco portátil para pessoas que esperam em pé, entre outras coisas. Nossa orientadora questionou se seria certo criar um abrigo para moradores de rua, já que o fato de eles morarem na rua é errado por princípio. Vamos ver o que vai ser!

Sem comunidade

Olá novamente!

Depois de entendermos como funciona a disciplina, podemos resolver como trabalharemos.
Numa aula nas primeiras semanas do semestre, Hyrla e Maíra, que trabalham no CDT*, apresentaram para a turma diversas comunidades do entorno do DF com as quais poderíamos trabalhar. Muitas delas eram de mulheres bordadeiras, algumas faziam todo tipo de produtos, uma reaproveitava madeira...
Mas apesar de tradicionalmente se trabalhar com uma comunidade em PP3, eu e Fernanda decidimos não fazê-lo. Os motivos maiores: 1) das empresas incubadas, cerca de 98% já haviam sido "adotadas" pelos alunos de PP3 de semestres passados, e 2) não encontramos, a princípio, nenhuma brecha na produção deles na qual pudéssemos atuar, já que todos pareciam já muito organizados; achamos que seria pouco produtivo tentar encontrar oportunidade para um novo produto onde tudo já estava funcionando perfeitamente bem (além disso, grande parte das organizações só precisava de apoio para a (re)estruturação da forma de produção e venda, e não necessariamente dos produtos).
Concluímos então que trabalhar sem ter a pressão de ter que produzir resultados para uma organização, e sem o risco de não conseguir e acabar frustrando uma comunidade carente toda seria benéfico para nós duas, considerando também a quantidade de tempo disponível que teríamos durante o semestre. Portanto, começamos a pensar em produtos que gostaríamos de projetar.

*CDT: Centro de Desenvolvimento Tecnológico, da UnB, que incuba várias microempresas e comunidades produtoras, ajudando-os, principalmente, a se estruturar como organização.

O que é PP3

Hallo!

Pra começar, queria dar uma ideia para vocês de qual é o caráter dessa nossa disciplina, Projeto de Produto 3. Por costume, ela vem sendo praticada da mesma forma há alguns anos: é a disciplina de projeto que tenta aproximar os futuros designers de conceitos como sustentabilidade*, por meio da atuação junto a uma comunidade, muitas vezes carente, que tenha algum trabalho de produção (o artesanato e o reaproveitamento de materiais já usados são os campeões). A ideia é ajudar a desenvolver a produção local usando os conceitos que aprendemos durante o curso, mas, mais ainda, aprender com essas pessoas, e projetar em conjunto com um grupo, suas limitações e seu potencial.

*sustentabilidade nada mais é do que o equilíbrio entre desenvolvimento social, crescimento econômico e nossa relação com o meio ambiente (essa definição foi formulada durante a Eco 92, no Rio de Janeiro). Ao contrário do que muitos pensam, sustentabilidade não é salvar as baleias e usar luzes brancas em casa, mas  simplesmente o melhor jeito de levar nossa existência: com equilíbrio. Adiantaria cuidar do seu corpo e esquecer que você tem um emprego? Claro que não. Pela mesma lógica, não adianta acumular riquezas se essas não são divididas igualmente entre os habitantes do planeta, ou se o mundo está sendo destroçado em frente aos nossos olhos; ou, pelo contrário, preservar as matas e deixar as pessoas morrerem de fome na pobreza. O ideal é conseguir as três coisas: equilíbrio ambiental, justiça social e viabilidade econômica.